quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cinza tipo meio tom

Eram as cores que traziam o drama. Por não ver o par como o gato vê o prato, a existência da cor é que incomodava.

Sabia que o 50% preto + 50% branco dava cinza, uma cor morna, uma cor sem forma, destoava de tudo que esperava.

O fim era quem batia na porta quando se queria o verde, azul, vermelho e amarelo e o que chegava era cinza magrelo, nem descalço, nem de chinelo, apenas um cinza em que parecia faltar tudo, inclusive o belo.

Cinza não é menos, nem mais, nem é isso, não é aquilo, não cheira bem, nem cheira mau, cheira estranho, tem cheiro de coisa normal. E onde estavam os novos tons? Onde a inspiração multiforme tomava tento e aparecia pro rebento?

Pois é claro que cor é estilo de vida, e também estilo de morte.

Estar de passagem incomodava. Não marcar, nem marcarem, mais ainda. Pra onde foi? Já tive cor? Cinza é muita dor, exatamente por não doer nem pouco, nem muito.

Não sabia que a cor estava pra chegar bem quando se deitasse,
só não sabia que acordar em outra vida iria.
Não era mais cinza em cor, não era mais Maria, era pó, sem expressão de alegria, era um nó que a falta do intenso fazia.

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